Chegaram esta sexta-feira ao vale do Guadiana dois novos Linces provenientes de Espanha. São o Quinde e a Quisquilla, um macho e uma fêmea, nascidos no Centro de Reprodução em Cativeiro de El Acebuche, em Doñana (Andaluzia. Espanha).
Antes de serem soltos em Portugal, os linces foram submetidos a controlo sanitário no Centro de Reprodução onde nasceram, receberam também coleiras emissoras para poderem ser monitorizados pela equipa de Técnicos e Vigilantes da Natureza do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), sediada em Mértola.
Já se completaram cinco anos sobre a primeira reintrodução de Lince Ibérico em Portugal e nunca houve tantos linces em Portugal no último meio século. Só nos últimos dois anos nasceram 75 indivíduos em meio selvagem – o que é um bom indicador para uma população ainda jovem.
De acordo com João Catarino, secretário de Estado da Conservação da Natureza, das Florestas e do Ordenamento do Território, “em 2018 tivemos, em ambiente natural, 29 nascimentos e, em 2019 46 crias nasceram em ambiente natural”.
Estes são indicadores que enchem de esperanças o ano de 2020 porque “algumas destas fêmeas estão prenhas, mas é ainda uma população muito jovem entre um e três anos” de idade, com muitos anos ainda para procriarem.
Salvámos o lince ibérico
“Isto é sinal de que estamos a entrar em velocidade de cruzeiro e, a este ritmo, eu julgo que estamos no bom caminho para termos uma população efetiva muito maior, que é aquilo que pretendemos. Eu julgo que hoje já podemos dizer que salvámos o lince ibérico”, garante João Catarino, apesar de a União Internacional para a Conservação da Natureza continuar a dizer que esta é “a espécie de felino mais ameaçada do mundo”.
Apesar de tudo, houve uma grande evolução. “Se nos lembrarmos que na década de 60 e 70 do século passado, tínhamos menos de 200 indivíduos desta espécie e hoje temos já à volta 800 indivíduos tanto em Portugal como em Espanha. Só em Portugal temos à volta de 107”, argumenta.
Esta evolução só foi possível devido ao programa de procriação em cativeiro e depois os animais são soltos em meio natural que dê garantias de sobrevivência.
Um processo que, para o secretário de Estado da Conservação da Natureza, das Florestas e do Ordenamento do Território, tem corrido bem “devido a três fatores essenciais: primeiro, a parceria com Espanha – julgo que esta fórmula construtiva que tem existido entre o Centro Nacional de Reprodução e os centros espanhóis tem sido um fator de sucesso; depois, a continuidade do financiamento, eu julgo que projetos desta natureza não podem ter intermitência no financiamento, são projetos contínuos de investigação; e, depois, o facto das comunidades locais terem entendido a importância da preservação da espécie”.
Assim, “o lince é claramente um ativo estratégico para o vale do Guadiana, é um ativo diferenciador, e isso tem ajudado imenso ao sucesso deste projeto”. E o mesmo pode vir a acontecer no Parque da Serra da Malcata.