No último ano, no distrito de Beja, quase 70% dos utentes (68,22%) enfrentaram algum tipo de indisponibilidade de medicamentos e destes, 32,17% recorreram a uma nova consulta para obter o medicamento disponível. Dados revelados por uma sondagem realizada pelo Centro de Estudos e Avaliação em Saúde (CEFAR).
A população do distrito de Beja surge no estudo como uma das mais prejudicadas, registando o maior número de pessoas obrigadas a interromper o tratamento devido à falta de determinados fármacos: 9,30%, quase o dobro da média nacional (5,70%).
Na análise, as regiões mais desertificadas e economicamente mais desfavorecidas do interior do país são as que registam mais ocorrências deste tipo. Beja está entre os distritos com piores resultados da análise, com valores acima da média nacional (52,20%%, declararam dificuldades no acesso à medicação prescrita).
O mesmo estudo conclui que a falta de medicamentos nunca afetou tanto os portugueses: 3,4 milhões depararam-se com este problema e 371 milhões (5,70%) foram forçados a interromper a terapêutica.
A indisponibilidade de medicamentos levou ainda 1,4 milhões (21,50%) de utentes a recorrer a consulta médica para alterar a prescrição. O recurso a estas consultas causou elevados custos quer para o sistema de saúde (35,3M€ a 43,8M€), quer para o utente (2,1M€ a 4,4M€).
Os inquéritos para o relatório sobre o “Impacto da Indisponibilidade do Medicamento no Cidadão e no Sistema de Saúde”, da CEFAR, foram realizados na primeira semana de abril deste ano e contaram com a participação dos utentes de 2.097 farmácias em Portugal.