Logo depois das eleições europeias manifestei aqui, no “Diário do Alentejo”, a minha preocupação com o nível de abstenção registada. Eu e muitos outros, em diversas plataformas e a coberto de diferentes pretextos. Foi um tema que, dominando a atualidade durante algum tempo, tenderia, como costuma ser hábito, a desaparecer das preocupações mais imediatistas. Desta vez, felizmente, não foi assim.

Terminei esse artigo da seguinte forma: “Nesta matéria, o PS, pela sua história de partido democrático, progressista e plural, mas também pelos votos de confiança que lhe têm sido renovados pelos portugueses, tem aqui uma responsabilidade acrescida. Estou convicto de que vai estar à altura do desafio, como sempre esteve no passado, ao lado de todos os portugueses, do lado certo da solução, para reforçar o poder de decisão de todos nós e nos aproximar de um sistema de governação mais representativo e por isso mais eficaz”. Pois bem, eu e todos nós não podíamos ter tido melhor resposta. O Partido Socialista inova, uma vez mais, sob o lema, #todosdecidem, com uma verdadeira ferramenta diferenciadora, de participação pública, destemidamente aberta a todos.

Depois de um intenso trabalho preparatório, as bases dos quatro desafios eleitos para montar a estratégia de futuro, nomeadamente, desigualdades, alterações climáticas, demografia e sociedade digital, estão a ser apresentados por todo o País em sessões temáticas para recolha de contributos. Simultaneamente, foram abertos canais de comunicação digitais para receber, também por essa via, cometários, propostas e sugestões. As propostas que aqui forem elencadas continuam abertas a discussão e sujeitas a análise depois de voltarem a ser devolvidas para novo período de participação.

A construção participada de um programa eleitoral exposto ao contraditório e com versões de trabalho públicas e publicadas de forma acessível a todos é, sem dúvida, audaz.
Todos, dentro e fora do partido, mesmo aqueles que no dia a dia não estão ligados à militância política, podem livremente, com suas ideias e propostas, participar na construção do programa eleitoral do Partido Socialista.

Sem medo de assumir os riscos de mostrar o jogo, na convicção de que as desvantagens são bem menores do que o ganho obtido pelo envolvimento dos cidadãos, temos um verdadeiro processo de construção de um programa eleitoral lançado, por um partido político, a toda a sociedade, provando que há sempre soluções possíveis se decidirmos seguir em frente sem cruzar os braços. Isto é renovar a confiança entre os eleitores e os eleitos, credibilizando a política. Isto é ir mais além, não só dentro das fronteiras do partido, mas saindo dessa zona de conforto para chegar a todos os portugueses.

Não há memória de alguma vez isto ter sido feito em Portugal, mas ficará seguramente na memória de todos, abrindo uma nova era na forma de estar e de fazer política. Provando que realmente se pretende fazer ainda mais e melhor, o Partido Socialista faz, mais uma vez, aquilo que nunca foi feito.

Artigo de Opinião – Diário do Alentejo