Na política é usual dizer-se, em desespero de causa, que vale tudo.
Não. Não vale tudo.
Os princípios, a educação, a forma de estar, o respeito pelo outro, são essenciais. Todos sabemos, enquanto pessoas informadas, que a política é um mundo. Para uns, um mundo de oportunidades. Para outros, um mundo onde podem expressar o que lhe vai na alma. Para uns, uma forma de ganhar a vida.
Para outros, uma forma de fazer algo que os preencha. Ambos os estados de espírito são legítimos. Uns, que para conseguirem manter-se à tona, terão que fazer obra, apresentar resultados, fazer o mínimo exigível, caso contrário o lugar porque tanto lutaram irá esfumar-se perante a inoperância. Outros, para conseguirem os seus objetivos, terão que cumprir o que disseram, terão que justificar a escolha, terão que chegar ao fim e sentirem-se de consciência tranquila, sentido que tudo fizeram para atingir as metas a que se propuseram. Passemos agora à dúvida emanada no título desta crónica.
Quais os mais válidos? Quem anda na politica por necessidade ou que se mete nesta vida por convicção? Todos teremos uma opinião formada, é certo. Nada nos diz que quem se meteu neste mundo tentando melhorar as suas condições de vida não seja competente. Pelo contrário. Conheço muito boa gente competentíssima que aderiu à politica por necessidade e que afinal saíram melhor que a encomenda, tornando-se, com o passar do tempo, profissionais na verdadeira acepção da palavra.
E nem todos os que se aventuram neste difícil mundo por convicção, terão as capacidades necessárias para nele vingarem.
O ideal seria juntar o melhor dos dois mundos, convicção com competência.
Para mim, que ando neste meio à uns anos, mesmo podendo estar errado, continuo a pensar que, ou embarcamos numa viagem na política com a convicção necessária de que poderemos fazer a diferença, por mais insignificante que seja, tendo claro, a noção exata das nossas capacidades e, principalmente, das nossas limitações ou, então, deveremos ter a humildade suficiente para reconhecer que provavelmente será melhor deixar para outros a difícil tarefa da gestão da causa pública.
Um Sr. que me é muito caro e com quem muito aprendi e todos os dias continuo a aprender, o Sr. Domingos Romba, diz que a política para ser sincera, para ser feita para todos, deve ser feita com sentimento, com o coração.
Fazer o bem sem olhar a quem. Este deverá ser o mote. Quem nos elege dá-nos uma prova de confiança.
Todos nós temos o dever de nos mostrar dignos dessa confiança. Para todos.
Isso é estar na política com convicção.

José Francisco Encarnação
Presidente da Assembleia De Freguesia da União das Freguesias de Almodôvar
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