A 9 de Janeiro de 2017 existiam 6114 jornalistas com carteira profissional ou equiparados. Idade – Média de 39,9 anos. 38% entre 35-44 anos, 25% entre 25-34, 21% entre 45-54, 9,1% com 55 anos ou mais. [São muito poucos os que tinham mais de 18 anos de idade em 25 de Abril de 1974].Sexo – 51,8% homens, 48,2% mulheres. Filhos – 47,8% não tem uma relação conjugal, mais de 50% não tem filhos. Tempo de profissão – Há menos de 5 anos são 17,9% ; há mais de 15 anos são 52,1%, dos quais 24,4% entre 21 e 30 anos.

Região – 64,2 % trabalham na área metropolitana de Lisboa, 16,6% no Norte, 8,4% no Centro, 11,2% nas outras regiões do continente, regiões autónomas e estrangeiro.
Formação – 79,6% possuem licenciatura ou bacharelato (uma escolaridade quase cinco vezes superior à média nacional), a grande maioria em Ciências da Comunicação, Comunicação Social ou Jornalismo.

Vencimento – 69% entre 501 e 1500 euros líquidos mensais, dos quais 23,3% entre 1001 e 1500 euros; 21,8% menos de 700 e 23,9% entre 701-1000 euros.
– 57,3% menos de 1000 euros, 19,4% mais de 1500 euros, 10,8% ganha até
2000 euros, 3,6% até 2500 euros e 5% um valor superior.
– 11,6% menos de 500 euros por mês, e 7% destes menos de 300 euros.
Ocupação e desemprego – 87,5% a trabalhar e 7,9% no desemprego. 2,2% reformados e 2% em estágio profissional ou curricular.
Contratação – 33,4% sem contrato fixo, a trabalhar em condições precárias. Este grupo integra colaboradores (16,4%), dos quais 8,8% em regime de avença e 7,6% à peça e 17% como freelance.

– 56,3% contrato sem termo e 10,5% a termo certo. 2% estagiários.
– 65% de contratos são até 40 horas semanais, mas a maioria trabalha mais. 60,7% trabalham mais de 40 horas, dos quais 13,8% tem uma semana laboral de 51 a 60 horas e 9% mais de 60 horas. Dos jornalistas a tempo integral, 29,6% trabalha as horas previstas no contrato.
– 3,9% são remunerados pelas horas extraordinárias. 10,2% são compensados em tempo de descanso pelo trabalho extra, 63,4% não tem qualquer compensação.
– 25,8% prestam serviço para mais de um órgão de c. social dentro do mesmo grupo. Desses, 66,8% não recebe remuneração extra por esse trabalho.

Tipo de trabalho
– 58,9% redactor/repórter, 7,7% fotojornalista, 6,8% repórter de imagem.
– 6,8% direcção, 4,2% chefia, 11,3%, edição (num total de 22,3%).
– 46,5% imprensa como actividade principal, 8,7% como actividade secundária.
– 23,1% jornalismo online (site) como actividade principal, 15,9% como actividade secundária, o que significa que 39% dos profissionais publica em sites.
– 20,3% televisão;
– 12,4% rádio.
– Secções ou especialidades a que os jornalistas mais se dedicam (não de forma exclusiva): Sociedade (30,5%), Desporto (27,8%).
– 26,4% dedica-se à informação local ou regional (seja em meios locais ou nacionais).
– 16,5% desenvolve outras actividades remuneradas em paralelo com o jornalismo, e destes 33,7% no ensino ou formação; 25,9% no comércio ou serviços; 13,5% na escrita, revisão ou tradução.
– 13,3% dos inquiridos interrompeu a profissão de forma voluntária para desenvolver outras actividades profissionais, sendo as principais Assessoria (16,7%), Comércio ou Serviços (10,9%) e Agências e Gabinetes de Comunicação (10,1%).

Empresas
– 57,8% fazem avaliações negativas às empresas, sendo que 19,9% são extremamente negativas.
– 5,4% dá nota positiva à actuação das empresas.
Sindicato dos Jornalistas
– 43,7% tem uma visão neutra sobre a sua actuação.
– 31,7% consideram a actuação positiva.
– 24,6% expressam uma opinião negativa, e destes, 7,1% extremamente negativa.

Participação sindical
– 25,2% diz ter participação sindical.
– 18,3% já foi sindicalizado mas deixou de ser.
– 56,5% nunca foi sindicalizado. Entre estes, 22,1% afirmam não ter interesse. 14,3% não aderiu por razões financeiras.
– 31,8% diz existir na sua empresa Comissão de Trabalhadores, em 36,4% dos casos há Delegado Sindical e em 49,5% Conselho de Redacção.
Carreira e salário
– 80% não tem progressão há mais de 4 anos; 28,4% há mais de uma década; 29,4% têm carreira congelada há pelo menos 7 anos.
– 63,6% estão insatisfeitos com os salários; 33,2% extremamente insatisfeitos; 25,3% satisfeitos e 2% extremamente satisfeitos.
Autonomia e trabalho
– 31,5% dizem ser pouco ou nada autónomos em relação às decisões das chefias; 41% em relação às decisões das administrações.
– 9,9% dizem-se totalmente autónomos em relação às chefias e 12,3% às administrações.
– 47,2% consideram a agenda o maior condicionalismo; 43,6% as condições de trabalho e 43,5% o salário.
– 29,2% consideram-se limitados pelas chefias.
– 40,2% invocam limitações à vida pessoal e familiar.
– 36,6 % referem o medo de perder o emprego.
Satisfação/insatisfação
– 77,9% dizem-se insatisfeitos com a profissão; destes, 48,8% extremamente insatisfeitos; 11% satisfeitos; 1,9% extremamente satisfeitos.
– 64,2% dos jornalistas já pensaram pelo menos uma vez abandonar a profissão.

Nota – Esta síntese de elementos, relativos a 2016, baseia-se nos resultados de um inquérito realizado no quadro de uma investigação promovida por uma equipa do CIES-IUL (ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa), dirigida por Gustavo Cardoso. A amostra foi de quase 1500 jornalistas (validados). Ver Miguel Crespo, «Profissão Jornalista: experientes e letrados, mas mal pagos e condicionados», Jornalismo & Jornalistas, n.º 64, Julho/Set 2017. Resultados semelhantes e complementares são revelados num outro inquérito realizado por João Miranda, no âmbito do seu doutoramento na Un. de Coimbra sobre Regulação e Auto-Regulação.

VerJ&J, n.º 65, Out/Dez 2017.
De referir que algumas das perguntas são de respostas múltiplas, o que justifica o resultado das percentagens apuradas.