Os bombeiros preparam-se para boicotar o próximo Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Florestais da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) se o Governo não garantir, até ao fim de Fevereiro, respostas adequadas às suas exigências.
“Os bombeiros não vão participar nos grupos de reforço ao combate a incêndios (GRIF e GRUATA e ELAC) nem os comandantes vão integrar as estruturas distritais se o Governo não acatar as nossas propostas”, referiu Jaime Marta Soares, presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses (LPB), à margem do Conselho Nacional Extraordinário, que decorreu este sábado em Palmela.
Entre as propostas está a criação de 250 Equipas de Intervenção Permanente (EIP) em todos os corpos dos bombeiros, num total de 1250 elementos, com priorização nos concelhos de maior índice de risco, número que o Governo baixou para as 40, “muito aquém das reais necessidades”, apontou Jaime Marta Soares. Também o pagamento de 50 euros diários para os elementos que integrem o dispositivo vai ter que ser acatado pelo Governo, que definiu o aumento dos 46 euros atuais para os 48.
“O Governo não está a respeitar os bombeiros, está sim a tomar atitudes prejudiciais às populações e vai ficar com o menino nas mãos”, acrescentou o presidente da LPB.
O Conselho Nacional Extraordinário serviu também para realizar o balanço dos contactos entretanto havidos com o Governo nos últimos dois meses. “A cada discussão que fomos tendo saímos com uma mão vazia e outra cheia de nada”, classificou Jaime Marta Soares. “Os grupos de trabalho são constituídos mas arrastam-se por meses e a maior gravidade vai ser quando chegarmos ao período crítico”, alertou.