Depois de um turno de 12 horas na mina, Filipe Venâncio falou ao “CA” sobre a prestação do Desportivo de Almodôvar na temporada de 2019-2020 e sobre uma carreira futebolística que já leva mais de duas décadas.
“Dentro daquilo que consegui atingir, foi uma carreira muito positiva”, afirma Filipe Venâncio, que já pensa na despedida dos relvados.

O campeonato distrital da 1ª divisão terminou mais cedo, devido à Covid-19, e o Almodôvar ficou-se por um modesto 12º lugar (em 13 equipas). Que avaliação faz da prestação da equipa nesta época?
Dos anos que já jogo no Almodôvar, esta foi das épocas mais irregulares que já tivemos. Começámos logo com sete ou oito lesões no início do campeonato e quando temos um plantel curto, quer se queira quer não, isso faz mossa. Sentimos essa fraqueza, as coisas não começaram a correr bem de início e depois, com o prolongar da época, as coisas foram-se arrastando. Não era nossa ambição terminarmos na posição em que terminámos, pois sempre fomos uma equipa que andou nos lugares cimeiros e não estávamos habituados a ficar numa posição destas. Foi uma época um bocado aquém daquilo que esperávamos.

Mas este desfecho menos positivo pode justificar-se só por estas lesões no início da época ou houve algo mais a condicionar o sucesso da equipa?
Foi mesmo por aí? Sabemos que quando de início não se começa bem, tarde ou nunca se endireita.

Já assim é o ditado.
Tal e qual? E é mais que certo! É uma lesão, depois é um castigo, de seguida há um jogo menos bem conseguido? Ainda mais, aqui em Almodôvar temos um problema ? que não é problema, pois nos outros anos correu sempre bem ? que é ter vários jogadores a trabalhar na mina, por turnos, o que faz com que em determinadas semanas só façamos um treino ou dois. Ou às vezes até nenhum! Temos esse problema de nunca conseguirmos treinar com os atletas todos, mas nuns anos tem corrido bem e não é agora que isto é uma desculpa. Foi mesmo um ano em que as coisas de início não nos correram bem, a época foi-se arrastando e terminou assim? Infelizmente.

Duas trocas de treinador também não ajudaram?
Isso nunca ajuda. Aliás, quando foi a saída do mister Sandro [Almeida] pelo Pitico, eu sempre achei ? e falei disso com alguns elementos da direcção ? que o nosso problema não passava por aí. Porque o Sandro conhece o distrital como ninguém e conhecia a equipa como ninguém. Por isso, sempre achei que não era solução o Sandro sair. Mas assim foi e depois veio o Pitico, que fez o melhor que conseguiu, mas as coisas também não correram muito bem? Foi o que se conseguiu fazer.

Tendo 41 anos, esta foi a sua última época?
É uma coisa que ainda estou a ponderar. Tenho de ponderar certas situações e depois ? em conjunto com a família e com os próprios colegas, direcção e treinador ? irei decidir se vou terminar ou continuar.

Noto que há vontade de continuar, até para ter uma despedida efectiva dentro das quatro linhas?
Claro que sim, porque o “bichinho” está sempre cá dentro. É um amor que já vem de há muitos anos e que não vai cair assim sem mais nem menos.