
Aljustrel recebeu hoje a visita da secretária de Estado da Energia, Maria João Pereira.
Visita, esta, que se dividiu em dois momentos. O primeiro aconteceu no Parque Mineiro de Aljustrel, estando em destaque a recuperação ambiental desta área mineira desativada, o que permitiu desenvolver este projeto, e o segundo na inauguração da segunda fase do Centro de Estudos Geológicos e Mineiros do Alentejo (CEGMA 2.0).
Recorde-se que o CEGMA, do Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG), com um investimento de 1,4 milhões de euros, vem permitir a realização de novos projetos em geologia e prospeção mineral.
Este é um projeto de extrema importância para Aljustrel e para a região, uma vez que se dispõe de mais meios para a realização da descoberta de novas reservas de mineiro, que garantam a continuidade da atividade mineira.
A obra foi financiada em 85% por fundos comunitários e dotou o espaço do LNEG em Aljustrel de meios avançados de investigação, contribuindo ainda para o desenvolvimento sustentável da região do Alentejo e da Faixa Piritosa Ibérica.
O CEGMA 2.0 permitiu também a ampliação do Edifício de Apoio e da Litoteca de Aljustrel, assim como a integração de energias renováveis visando uma melhor eficiência energética das instalações. Com esta obra foi também possível aumentar a capacidade de arquivo do LNEG.
Recorde-se que desde o primeiro dia o Município de Aljustrel empenhou-se para que o LNEG fosse instalado em Aljustrel, tendo o mesmo começado a funcionar nesta localidade em 2018, sendo que a autarquia, ao longo destes anos, tem prestado todo o seu apoio e tem estabelecido parcerias que visam contribuir para apoiar a atividade extrativa no sul do país, quer na sua vertente mineira, quer na sua vertente de investigação aplicada a recursos geológicos.





CM Aljustrel

Aljustrel é um vila portuguesa sede do Município de Aljustrel pertencente ao Distrito de Beja, na região do Sul de Portugal.
O Município de Aljustrel tem 458,47 km² de área[1] e 8 874 habitantes (2021),[2][3] e está subdividido em 4 freguesias.[4] O município é limitado a norte pelo município de Ferreira do Alentejo, a leste por Beja, a sul por Castro Verde, a sudoeste por Ourique e a oeste por Santiago do Cacém.
A vila de Aljustrel tem cerca de 4 600 habitantes,[5] e está situada na freguesia de Aljustrel e Rio de Moinhos.
Aljustrel é bastante conhecida, nacional e internacionalmente, pelas suas Minas, Património Industrial Mineiro e Geológico, onde é também conhecida pelo seu Santuário da Nossa Senhora do Castelo.
Caracterização
Geologia

A geologia de Aljustrel é caracterizada por um soco paleozóico da Zona Sul Portuguesa, representado pela Formação de Mértola, com cerca de 340 a 330 milhões de anos, e por um complexo Vulcano-Sedimentar da Faixa Piritosa Ibérica, com cerca de 352 a 330 milhões de anos.
As rochas do soco evidenciam uma orientação noroeste-sudeste, e apresentam um forte controlo estrutural manifestado por cavalgamentos vergentes para sudoeste e por falhas tectónicas de orientação norte-sul e nordeste-sudoeste. Estes sistemas são representados, respetivamente, pelos desligamentos subverticais de movimentação direita de Azinhal, Feitais, Represa e Castelo, e pela falha da Messejana, de componente normal esquerda. A noroeste da falha da Messejana, o soco Paleozóico encontra-se coberto por sedimentos da Bacia Terciária do Sado, representados por areias, argilas, conglomerados e carbonatos.[6]
Clima
A localização do município de Aljustrel na região alentejana e a fraca influência atlântica acentuam uma situação contrastante típica desta região, com baixa pluviosidade (564 mm é a pluviosidade média anual), elevadas amplitudes térmicas (16.4 °C é a temperatura média), invernos frescos e verões quentes. Da diferenciação entre a estação seca e estação húmida, ressalta o domínio do clima mediterrânico.[7]
A temperatura média mensal varia entre 28 °C e os 30 °C no verão. No inverno, as temperaturas são relativamente baixas, sendo que a temperatura média anual situa-se entre os 15 °C e os 16 °C.
As temperaturas médias do ar são máximas em julho e agosto, com valores médios que variam entre os 19 °C e os 24 °C na zona de Beja, e mínimas em janeiro, variando entre 9 °C e 12 °C.
O número médio de dias no ano com temperatura máxima superior a 25 °C é de aproximadamente 100, não ocorrendo aquelas temperaturas nos meses de dezembro e janeiro. Os maiores valores são atingidos nos meses de julho e agosto. Assim, é relativamente elevado o número médio de dias nos meses de verão com temperaturas máximas superiores a 25 °C.[8]
História
No território que hoje é o município de Aljustrel, está documentada a passagem de grupos de caçadores-recoletores do Paleolítico. Contudo, os primeiros registos arqueológicos de início de povoamento remontam a finais do 3º milénio a.C., e situam-se no morro de Nossa Senhora do Castelo, uma comunidade que já se dedicava à extração e metalurgia do cobre. E foi este minério e a riqueza dos seus solos agrícolas que fizeram com que, a partir daí, a ocupação do território se tenha processado de forma ininterrupta, tendo-se recolhido vestígios de todos os períodos pré-históricos.

Com a chegada dos romanos em finais do século I a.C., a exploração mineira sofreu um grande impulso, com uma exploração bastante intensiva. Deste período, recolheram-se inúmeros vestígios dessa atividade, para além de outros da vida quotidiana das populações. Foram também encontrados dois textos jurídicos gravados em bronze e que representam os mais antigos textos legislativos conhecidos no nosso país. Embora incompletos, foram exaustivamente estudados por investigadores nacionais e estrangeiros, bem como os restos de uma oficina metalúrgica onde se processava o tratamento do minério, e também ruínas de habitações da povoação que se denominava Vipasca.
Após o declínio e queda do Império Romano, outros povos por aqui terão passado, embora sem deixar a sua marca, uma vez que aqui não se fixaram. No século IX, com o domínio muçulmano da Península Ibérica, começaram aqui a fixar-se comunidades mouras, vindas principalmente do norte de África, e o lugar passou a denominar-se Albasturil. Construíram um castelo de taipa no século XI, que se manteve funcional até à reconquista cristã, em 1234. A praça foi conquistada pelos cavaleiros da Ordem Militar de Santiago da Espada, a quem o rei D. Sancho II fez a doação dos territórios conquistados, com exceção dos rendimentos das minas e das termas de S. João do Deserto.
A partir de 1252, o concelho de Aljustrel assume forma jurídica com a atribuição de Carta de Foral, outorgada pela Ordem de Santiago e confirmada pelo rei D. Afonso III, sendo referida nos textos como Aliustre.
Em setembro de 1510, recebe nova Carta de Foral atribuída por D. Manuel I e que foi escrita por Fernão de Pina, guarda-mor da Torre do Tombo. Só em 28 de setembro de 1516 é que foi publicado, em Aljustrel, por Álvaro Fragoso, cavaleiro da Casa de El-Rei, na presença do comendador da vila, Martim Vaz Mascarenhas, e demais autoridades do concelho[9].
Em 1836, o concelho de Aljustrel vê aumentada a sua área, com a inclusão da freguesia de Ervidel, e em 1855 sofre nova alteração, com a anexação de parte do extinto concelho de Messejana. Mais tarde, em 1871, acaba também por ser extinto o concelho de Aljustrel, embora por um curto período de três anos. Em 1910, Aljustrel adere de imediato à República, tendo sido o Dr. Manuel de Brito Camacho (médico, jornalista, político, deputado e ministro) um membro ilustre de Aljustrel. Este foi um dos principais líderes do movimento republicano.[10]
Foto/Capa: Terceira Dimensão