A Câmara de Almodôvar, no distrito de Beja, aprovou para 2025 o seu orçamento mais elevado “de sempre”, no valor de 27,5 milhões de euros, destacando-se investimentos nas áreas da educação e da economia.

“Este é o nosso maior orçamento de sempre, onde temos uma verba muito significativa para a área social, para a educação e para obras que vão ser necessárias nos próximos anos”, disse hoje à agência Lusa o presidente do município, António Bota (PS).

As Grandes Opções do Plano (GOP) e Orçamento da Câmara de Almodôvar para 2025, superior em 6,7 milhões de euros ao deste ano, já foram aprovados pelo executivo municipal, com três votos favoráveis do PS, a abstenção da vereadora independente e o voto contra do vereador do PSD.

Os documentos têm ainda de ser aprovados pela assembleia municipal, onde o PS tem maioria.

“Orgulho-me especialmente deste orçamento, porque reflete as boas opções de gestão deste executivo na sua busca permanente de receitas, de projetos de interesse municipal e de verbas provenientes de fundos comunitários”, frisou António Bota.

Segundo o autarca, para 2025 está prevista “uma verba muito significativa” para a área social, “assim como para a educação e para obras que vão ser necessárias nos próximos anos”.

Entre estas, António Bota destacou a requalificação da escola secundária (5,5 milhões de euros), a criação de uma área de acolhimento empresarial na freguesia de Gomes Aires (4,6 milhões) e a construção da creche municipal (2,5 milhões), todas com apoio de fundos comunitários.

“Só estes três projetos rondam uma quantia na ordem dos 13 milhões de euros”, assinalou.

Aquilo que este executivo não conseguir fazer durante o próximo ano, “deixará as sementes para que, quem vier a seguir, possa pôr em prática”, acrescentou à Lusa.

No que toca a impostos municipais, em 2025, a Câmara de Almodôvar vai manter uma taxa de 0,3% no Imposto Municipal Sobre Imóveis (IMI), com os agregados com um dependente a terem uma redução de 30 euros.

Já as famílias com dois dependentes beneficiarão de uma redução de 70 euros no pagamento do imposto, enquanto os agregados com três ou mais filhos terão uma redução de 140 euros no IMI.

No Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Singulares (IRS), a autarquia vai manter uma participação de 4%, assim como a isenção de derrama para as empresas do concelho com um volume de negócios anual até 150 mil euros.

As restantes empresas pagarão uma taxa de derrama de 1,5%.

In/ATUAL

Almodôvar é uma vila portuguesa pertencente ao distrito de Beja, região do Alentejo (NUT II) e sub-região do Baixo Alentejo (NUT III), com cerca de 3 000 habitantes (2021).[1]

É sede do Município de Almodôvar que tem 777,88 km² de área[2] e 6 713 habitantes (2021),[3][4] e encontra-se subdividido em 6 freguesias.[5]

O município é limitado a norte pelo município de Castro Verde, a este por Mértola, a sudeste por Alcoutim, a sul por Loulé, a sudoeste por Silves e a oeste e noroeste por Ourique.

Caracterização

Geografia

Serra do Caldeirão

O município de Almodôvar está situado entre a Serra do Caldeirão e a planície alentejana. Dista 64 quilómetros da capital de distrito, 74 quilómetros de Faro, e 214 quilómetros de Lisboa.

Com aproximadamente 778 km² de superfície, um terço do seu território, situado mais a norte e a que correspondem as freguesias de Aldeia dos FernandesRosário e parte da União de Freguesias de Almodôvar e Graça de Padrões, é plano e pouco arborizado.

As atividades com maior expressão económica são o cultivo de cereais de sequeiro, a criação de gado bovinoovino e suíno, a produção de leite e queijo de ovelha e a apicultura.

Os restantes dois terços situam-se mais a sul e são constituídos pela serra revestida de uma vegetação abundante, onde se destaca a esteva, o medronheiro, o sobreiro e a azinheira, e a que correspondem 4 das 6 freguesias: Almodôvar, União de Freguesias de Santa Clara-a-Nova e Gomes AiresSanta Cruz e São Barnabé (onde se situa o Pico do Mú, um dos locais mais altos de toda a Serra do Caldeirão). As suas principais riquezas são a cortiça, a aguardente de medronho, o queijo de cabra e o mel. A população aqui é dispersa e vive destas atividades, que desenvolve em paralelo com a pequena agricultura.[6]

Clima

O clima apresenta características mediterrânicas, com verões quentes e secos e invernos frios e pouco chuvosos. As amplitudes térmicas são acentuadas, a denotar um carácter continental que se acentua à medida que caminhamos para leste, afastando‐nos do efeito regulador do Atlântico.[7] A temperatura média é 15.9 °C. O mês mais quente do ano é agosto, com uma temperatura média de 23.1 °C. A temperatura média em janeiro é de 10.0 °C, sendo a temperatura média mais baixa de todo o ano.[8]

pluviosidade é pouco significativa, aumentando gradualmente de norte para sul. À escassez de pluviosidade, há que acrescentar a forte sazonalidade da precipitação e uma grande variabilidade interanual.[7] A pluviosidade média anual é de 576 mm.[8]

História

Povoado das Mesas do Castelinho, em 2014.

Desde há 5 mil anos até aos dias de hoje, as terras de Almodôvar foram marcadas pela presença de múltiplos povos e episódios indissociáveis da História de Portugal. Com ocupação desde a Pré-história, os vestígios mais relevantes pertencem ao fenómeno megalítico, com o registo de diversas antas encontradas nas freguesias de Santa Clara-a-Nova e Gomes Aires, estendendo-se até ao Rosário com a Estela do Monte Gordo. Do Calcolítico, há que referir a presença de tholos (estruturas tumulares de falsa cúpula) localizados na freguesia de São Barnabé. No entanto, o fenómeno mais significativo deste território apareceu com a Idade do Bronze, prolongando-se até à Idade do Ferro, com a descoberta de diversas estelas. Deste último período, destaca-se a descoberta de um número significativo de estelas funerárias epigrafadas com Escrita do Sudoeste, a escrita mais antiga da Península Ibérica (século VIII a V a.C.). Estas peças podem ser contempladas numa visita mais aprofundada ao Museu da Escrita do Sudoeste.

Com a romanização da Península Ibérica, Almodôvar não escapou a este fenómeno. Pela sua localização geográfica preferencial nas ligações norte-sul e este-oeste, desde cedo os romanos se fixaram em Almodôvar, assinalando a sua presença através de diversos vestígios, como os castella ao longo da Ribeira de Oeiras, da barragem romana (única de construção em terra batida preservada até hoje) e necrópole do Monte Novo do Castelinho, e a Mina de Brancanes, sem esquecer o destaque ao Povoado das Mesas do Castelinho, onde se distinguem o traçado de ruas ortogonais e a construção de edifícios de elevado rigor urbanístico.

Escrita do Sudoeste

Do período medieval, época entre os séculos IV e VIII d.C., os vestígios designados ora paleocristãos ora visigóticos (associados ao território das antigas dioceses de Paca e Ossonoba) são escassos. Com a ocupação islâmica, proliferaram diversas alcarias ou cortes, que ainda hoje nomeiam boa parte da toponímia local e que tem a sua raiz na palavra árabe de aldeia (al-diya). É o caso de Alcariais dos Guerreiros de Cima (Gomes Aires), com uma ocupação humana entre os séculos IX e XIII, possuindo um rico conjunto de casas dos séculos X e XI, fruto do florescimento rural que a região conheceu durante o período islâmico. A vila de Almodôvar deve o seu nome e desenvolvimento a esta época, pois, apesar de aí poder ter havido uma ocupação da Idade do Ferro, foi erguida uma fortificação ou almudaûár (casa ou castelo redondo). Com o topónimo Cerca do Castelo, crê-se que, nas proximidades entre o cerro de Santa Rufina e o atual depósito de água, poderá ter existido uma fortificação com uma eventual cerca inferior de recolha de rebanhos.

Na primeira metade do século XIII, os exércitos dos reinos cristãos, pela Ordem de Santiago, tomaram posse do Garb (Algarve), tendo D. Afonso III chegado a terras algarvias por Almodôvar com a ajuda de almocreves moçárabes. O domínio cristão efetuou-se entre 1238 com a conquista de Mértola, e em 1245 com a tomada de Marachique.

Em 17 de abril de 1285, o rei D. Dinis elevou a então denominada Póvoa de Almodôvar a concelho, por carta de foral. Em 1297, é doada à Ordem de Santiago, a quem, no final do século XIII, pertence todo o Baixo Alentejo, com exceção do concelho de Odemira. Este foi um esforço de recuperação do dinamismo populacional e económico, outrora proeminente em período muçulmano, e duramente afetado pela prolongada guerra da reconquista.

O empenho no desenvolvimento deste território prosseguirá ao longo do século XIV, especialmente na sua segunda metade, quando as convulsões políticas, a peste e mesmo o devastador terramoto de 1356 haviam espalhado uma forte mortandade. As Inquirições Fernandinas de 1376 às vilas de Almodôvar e de Padrões dão-nos conta de uma sociedade na qual a agricultura se apresentava de subsistência, e onde o pastoreio assumia uma importante escala, tal como as atividades associadas à tecelagemcurtumesapicultura, entre outras.

Ponte romana da Ribeira de Cobres

Em 1512, a afirmação do poder real face aos domínios locais é retomada com o novo foral de Almodôvar, no âmbito do processo nacional de reformas dos forais de D. Manuel I. Almodôvar tornou-se uma vila que vai paulatinamente crescendo, e onde se destacou a construção do edifício dos Paços do Concelho, no século XVI, e em 1680 a fundação do Convento de Nossa Senhora da Conceição, pela Ordem Terceira de São Francisco. Aí presume-se que terá funcionado a primeira escola de Teologia do Baixo Alentejo, cuja parte da valiosa biblioteca ainda se encontra “por descobrir” no Arquivo Municipal.

Foram, no entanto, ímpetos económicos intervalados no período conturbado e marcante que assolaram Almodôvar na primeira metade do século XIX: em primeiro lugar, as Invasões Francesas, e, logo depois, a Guerra Civil – entre 1832 e 1834 – que opôs o partido constitucionalista de D. Maria II ao partido absolutista de D. Miguel I.

Com a vitória do Liberalismo dá-se, por fim, a extinção das ordens militares e religiosas. Para o Convento de Nossa Senhora da Conceição, transitam, em 1859, juntamente com o Tribunal e a Conservatória, os Paços do Concelho, onde a sua anterior localização dá lugar à cadeia (hoje Museu Severo Portela).[9]

Foto/Capa: Terceira Dimensão