Este trabalho jornalístico visa dar a conhecer a Rádio Castrense, que é, como se sabe, um dos três rostos da Cortiçol – Cooperativa de Informação e Cultura do concelho de Castro Verde, à qual se juntam os Departamentos de Arqueologia e Etnografia.
Não é nosso intuito contar a história da Rádio Castrense.
Essa bela aventura de 33 anos dará, seguramente, um dia, um belo livro que evocará a memória, o empenho e o afeto de todos os que, a vários níveis, dirigentes, colaboradores, profissionais, cooperantes e amigos e ouvintes desta casa, contribuíram para o nascimento, crescimento e afirmação desta Cooperativa.
Nos próximos parágrafos fique a saber como, em apenas dois mandatos, a Rádio Castrense se reinventou, remodelando-se tecnologicamente, afirmando-se junto do seu auditório, fruto dos conteúdos programáticos que formatam a sua grelha, e se consolidou economicamente.
Estúdio principal da Rádio Castrense, totalmente remodelado
A Rádio Castrense nasceu a 25 de Janeiro de 1987
Gala da Rádio Rádio Castrense uma imagem de marca do passado e da relevância que esta estação sempre deu ao Desporto
A onda de vontades e de desassossego que inundou o “éter” do país chegou a Castro Verde pela mão de José Tomé dos Anjos e António Pereira. Os dois complementaram-se no desejo de levar a voz para lá da Rua Nova e chegar às aldeias e vilas das Terras Brancas.
O sótão do Tomé, entre fios e microfones, começou a ser pequeno para acolher todos os que desejavam pôr a voz no ar e descobrir os encantos da rádio. Uma nova casa, mais pessoas, os primeiros contratos de publicidade, uma grelha de programas.
Da esquerda para a direita: Filipe Galamba; Rui Rosa, Fernando Cotovio, António José Brito, Fernanda Vargas, Guida Sobral e Rui Miguel Gomes
O caminho começou a ser pisado por muitos que não resistiram à vertigem da pirataria nos tempos da frequência ainda em 92.8 FM.
Na véspera do Natal de 1988, o Governo quis ordenar as frequências que surgiam nas bandas das telefonias em Frequência Modelada como os cogumelos nascem no campo. Fecharam-se as portas e calou-se a magia! Foram mais de seis meses de incómodo e forçado silêncio.
Voltámos a 6 de Julho de 1989. Prontos param a nova luta já com a nova frequência atribuída pelo Estado em 93.0 FM.
José Tomé Anjos – “O pai da Rádio Castrense”
Abrimos as portas à irreverência dos jovens. Aprendemos, partilhámos vontades, comprámos mais equipamento, investimos em meios técnicos e humanos. Durante meia dúzia de anos procurámos crescer e estender a nossa âncora a outras terras e outras gentes.
A Rádio Castrense começou a fazer história e a entrar no quotidiano em toda a região do Baixo Alentejo.
Património – Programa icónico da Radio Castrense desde sempre apresentado por José Francisco Colaço Guerreiro
O mês de novembro de 1995 marcou uma viragem absoluta. Novos estúdios, melhores instalações, uma forte aposta em equipamentos e na informatização da estação exigiu ainda mais de nós.
Abrimos então o tempo da afirmação regional.
Hoje, a Rádio Castrense orgulha-se de ser líder de audiências na região.

“A Rádio Castrense é uma voz que nos liga à terra, às pessoas e às instituições” afirma João Alberto Fragoso
O presidente da Cortiçol, sublinhou essa ideia na última Assembleia Geral da Cooperativa, onde o Relatório e Contas foi aprovado por unanimidade, com um saldo positivo de mais de 15 mil euros.
“Acreditamos que estamos no caminho certo para a estabilização económica. No que respeita à Rádio Castrense é nossa intenção fomentar mais parcerias institucionais. Não podemos ficar dependentes da publicidade comercial, temos que criar novos produtos que passam naturalmente pelo estabelecimento de parcerias com instituições às quais prestemos serviços e sejamos recompensados por isso”.
Emissor de Almeirim
Para João Alberto Fragoso um dos momentos marcante do atual mandato foi “a requalificação dos estúdios da Rádio. Era imperioso fazê-lo. A aprovação de duas candidaturas que fizemos na CCDRA permitiu-nos ter, hoje, uma rádio moderna, algo que nos orgulha. Não nos esqueçamos também da requalificação do nosso Centro Emissor de Almeirim. No caso da requalificação da Rádio agradecemos os apoios concedidos pela câmara de Castro Verde e pela União de Freguesias de Castro Verde e Casével”.
Em termos de filosofia da Rádio Castrense o presidente da Cortiçol realça que “é fundamental que continuemos a ser uma estação ligada às pessoas, à terra, às instituições. Temos hoje condições técnicas para que saíamos à rua, para estarmos juntos dos nossos ouvintes, isso é importante, é fundamental, diria. Aliás, se não fossem as contingências impostas pela pandemia da COVID – 19, já teríamos levado a efeito algumas iniciativas que tínhamos calendarizado. Queremos ser uma Rádio da e para as pessoas, como já o somos, mas ambicionamos sê-lo de forma muito mais presencial”.

Relativamente à vertente económica, João Alberto Fragoso acredita que apesar das dificuldades económicas decorrentes da pandemia e da fragilidade do tecido empresarial da região, “ é possível termos uma Cooperativa com estabilidade económica. Para que isso se efetive, temos que continuar a ter uma gestão financeira rigorosa, e apostar no estabelecimento de mais parcerias com instituições do nosso distrito”.
Para o presidente da Cortiçol “é importante valorizar os nossos funcionários e colaboradores pelo trabalho, pela entrega e afeto que têm por esta casa. Tem feito um trabalho notável que merece ser reconhecido” destaca João Alberto Fragoso, revelando também que “para esta direção o pagamentos dos salários dos nossos funcionários a tempo e horas é uma questão de honra, é algo do qual não abdicamos”.
Nelson Medeiros, Diretor-Geral de Estação e Programas
“A estação é novamente uma referência incontestável na nossa região” diz o coordenador da estação emissora de Castro Verde
Em entrevista que nos concedeu, Nelson Medeiros, Diretor-Geral de Estação e Programas, explicou que “a Rádio Castrense começou a planear a modernização tecnológica dos seus estúdios há pouco mais de um ano. De facto, era uma intervenção que era necessária há já bastante tempo. A Castrense ocupa as atuais instalações há praticamente 26 anos e os equipamentos técnicos que estavam ao serviço já se encontravam com claros sinais de desgaste. A par disso, é sabido que a tecnologia está sempre a evoluir e neste meio, que é a rádio, é imperativo modernizar, caso não queiramos “perder o comboio” diz.
Estúdio de Emissão totalmente remodelado
Prossegue este responsável, frisando que “a direção da Cortiçol teve uma clara visão de que tal evolução era absolutamente necessária, era um caso de “agora ou nunca”.
“As obras de requalificação ainda estão em curso, mas praticamente na sua fase final. Começámos pelo estúdio principal, que foi totalmente modificado. Mudámos a cor do espaço e o pavimento foi alterado. Foi desenhada e construída uma bancada de raiz, de cor clara, moderna a adaptada às necessidades da estação” explica Nelson Medeiros.
“Em termos tecnológicos, o estúdio de emissão de continuidade foi contemplado com materiais de elevada qualidade técnica, foi colocada ao serviço uma mesa de mistura totalmente digital, que melhorou imenso a qualidade do som da rádio, colunas de estúdio profissionais de última geração, microfones de última geração, consolas de áudio-escuta e microfone para convidados, completamente individuais, que permitem ao convidado controlar a sua escuta e o seu microfone, com botões silenciadores anti-tosse, cablagem totalmente nova, sintonizadores digitais, dois novos computadores com sistema de automatização rádio totalmente atualizado aos dias de hoje, entre outros equipamentos digitais de tratamento de voz” avança o coordenador da Castrense.
Estúdio de Produção
“De realçar que, adquirimos equipamentos técnicos altamente avançados para diretos do exterior através de rede móvel 4G, com qualidade semelhante à de estúdio e sem atrasos de retorno. Tal, permite que a rádio esteja em direto a partir de qualquer local e a qualquer momento, estando cada vez mais ao lado das pessoas”. Este responsável sublinha que “somos a única estação de rádio do distrito de Beja que adquiriu estes modernos e eficazes equipamentos. Adquirimos igualmente equipamentos técnicos de exterior, capazes de levar para a rua uma emissão como se em estúdio estivéssemos”.
Nelson Medeiros esclarece também que “o estúdio de produção foi dotado de novas colunas áudio próprias para produção interna, cablagem nova, computadores novos com sistemas informáticos modernos, mesa de mistura e microfones de elevada qualidade, híbrido telefónico, entre outros equipamentos necessários ao seu bom e eficaz funcionamento”.
Estúdio de Gravação
O estúdio de informação tem as obras em curso. “Irá ser dotado também de mesa de mistura totalmente nova, colunas novas e microfones novos. Um estúdio que ficará apto e interligado ao estúdio principal, para transmissão de informação, debates ou entrevistas” realça este responsável.
O mesmo revela que “temos também ao serviço um novo processador de áudio digital interligado ao estúdio de emissão, que torna a nossa qualidade de áudio ao nível das grandes estações nacionais. A emissão online também levou uma interface que permite emitir para a WEB diretamente do processador digital, fornecendo aos ouvintes de Internet, mas também da MEO e da NOS, uma emissão com um padrão de excelência”.
Todos os estúdios estão equipados com placas de insonorização de última geração, de modo a eliminar o máximo possível de ruídos ou interferências típicas de sala.
Novo Site da Radio Castrense
Porque os olhos também comem, “implementámos um design moderno nos nossos estúdios, com a aplicação dos logotipos da estação em 3D nos estúdios de emissão e de informação. Estes espaços foram igualmente dotados de iluminação LED verde, decorativa, embora a cor possa mudar, se quisermos. As portas foram identificadas com sinalética com design criado propositadamente para o efeito e no exterior foi colocada uma faixa informativa alusiva à rádio” adianta Nelson Medeiros, que prossegue afirmando que “a imagem conta bastante, a par da qualidade técnica, era imperativo que essa questão fosse implementada rapidamente”.
Quanto ao valor aplicado nesta transformação, “ainda não fechámos as contas na totalidade, mas posso dizer que o investimento ronda os 15 mil euros. Tivemos projetos submetidos à CCDRA, que são cofinanciados”.
Mesa do Estúdio de Emissão
“Queremos agradecer à Câmara Municipal de Castro Verde, que nos ajudou com uma verba de 3000 mil euros e também à União de Freguesias de Castro Verde e Casével, que nos apoia com uma verba de 1000 euros” destaca Nelson Medeiros.
“A Rádio Castrense está hoje entre as mais modernas estações de rádio do sul do país, sem sombra de dúvida” enaltece o responsável pela estação de Castro Verde.
“A qualidade de som que sai para a rua, nos dias de hoje, tem que ser absolutamente excecional, ninguém quer ouvir uma rádio com má qualidade de áudio. A par disso, a ajuda preciosa que os nossos profissionais têm por parte da tecnologia. O trabalho sai muito mais facilitado com as novas ferramentas que temos ao dispor. Podemos fazer muito mais, com qualidade e rapidez. Há uma maior capacidade de resposta face às exigências do mercado, como por exemplo a proximidade que podemos ter junto das pessoas, saindo para a rua com a maior das facilidades”. A Rádio Castrense “é hoje uma referência inquestionável no panorama radiofónico do nosso distrito, quer “no ar” quer na internet” garante o diretor-geral de Estação e Programas.
Fernanda Vargas – Animadora de Emissão
Que futuro espera alcançar a Rádio Castrense?
Para Nelson Medeiros, “a Rádio não é algo estático, está em constante evolução. Já o havíamos dito antes, a Castrense fechou 2019 como líder de audiências na nossa região. Em ano de pandemia, a Castrense deu passos bastante largos, lembro que em março criámos um novo portal na internet, que já se tornou uma referência na informação regional. Ali é possível ler todas as notícias que marcam a atualidade, ouvir os áudios de entrevistas, escutar rúbricas e programas quando e onde se quiser, ouvir a emissão online, entre outras funcionalidades que vamos melhorando e implementando à medida das necessidades. Neste ano, fomos a primeira rádio do distrito a entrar nas operadoras MEO e NOS, onde mais nenhuma está. Isso trouxe-nos um bom retorno de ouvintes de vários pontos do país, que ouvem a Castrense, que ligam para nós e que nos dão os parabéns pela nossa grelha, isso é muito gratificante. Continuamos as negociações para estarmos presentes em todas as operadoras, já estamos nas duas maiores, mas pretendemos entrar na Vodafone e na Nowo” explica este responsável.
“Este ano implementámos melhorias na nossa imagem, modernizámos o nosso logótipo, sem perder a traça original e criámos peças de vestuário da estação para o pessoal, a publicidade na rua conta bastante”.
Rui Rosa – Jornalista
Nelson Medeiros avança ainda que “Implementámos a Fibra Ótica na nossa estação, para melhoria das ligações de internet, melhorámos o emissor (LINK) que leva a nossa emissão de Castro Verde até Almeirim, onde se situa o Centro Emissor dos 93.0 FM. Voltámos a ser sócios da Associação Portuguesa de Radiodifusão, já que somente estávamos na ARIC. Requalificámos os estúdios, preparámo-nos para o futuro que aí vem e que está ali ao lado”.
“A Rádio Castrense está cada vez mais próxima das pessoas, embora nunca tenha deixado de o estar. A pandemia tem-nos impedido de estar mais perto (fisicamente), esperamos que a situação melhore e possamos sair á rua de novo e com alguma assiduidade”.
A Rádio lança novas grelhas de programas com que frequência?
“Nós não anunciamos novas grelhas de estação, nem temporadas. A nossa grelha de programas está em constante evolução, vamos analisando o mercado e adaptando às necessidades dos nossos ouvintes, portanto temos uma grelha sempre renovada, sem fazer “grande alarido” com isso, as pessoas notam isso por si. A música portuguesa, onde naturalmente incluímos uma grande fatia de Cante, música tradicional e Fado, é uma constante. Claro que temos música estrangeira, programas temáticos, afinal somos uma rádio generalista, sem nunca esquecer as nossas raízes e a nossa identidade. Veja-se o programa Património, que no mês de dezembro celebra 31 anos de existência e é o mais antigo da Castrense” explica Nelson Medeiros.
Fernanda Martins – Administrativa da Cortiçol
Para Nelson Medeiros, “um dos problemas de muitas rádios locais é quererem imitar as rádios nacionais de referência e isso só pode trazer maus resultados, quer de audiências, quer de investimento publicitário. Temos que preservar a nossa identidade, saber quem somos e para que público trabalhamos. Se não soubermos identificar isso convenientemente, não vale a pena estarmos a trabalhar à deriva. A Castrense sabe quem é e para onde vai! A nossa programação é rica e variada e todos os dias trabalhamos para oferecer os melhores conteúdos ao nosso auditório” garante este responsável.
“Queremos disponibilizar grande parte do nosso arquivo no nosso portal de internet, rentabilizar mais e melhor o nosso portal em termos comerciais e implementar novas funcionalidades no mesmo e captar mais investimento comercial para a antena. A pandemia veio também prejudicar um pouco as nossas contas em matéria publicitária. Outro dos objetivos na calha é voltarmos a ter desporto, nomeadamente os relatos dos jogos do Futebol Clube Castrense. Queremos voltar a estar próximos das pessoas, na rua! Estamos em condições de o fazer, de estar nos eventos, de fazer emissões especiais ao vivo, nas praças, auditórios e esplanadas, mas para isso a COVID-19 tem que o permitir. Queremos ensinar aos mais jovens a arte da rádio, a falta de meios humanos é o nosso maior problema, mas que queremos colmatar logo que tal seja possível. Não é fácil encontrar pessoas atualmente, mas não é impossível e vamos lá chegar também.
Fernanda Martins; Nelson Medeiros e João Alberto Fragoso
A Castrense está no ar há quase 34 anos e está pronta para o presente e para o futuro. “A nossa responsabilidade é grande e o nosso compromisso para com todos os que nos ouvem é imensa. Estamos ao lado de todos, inovando sempre. Haverá mais novidades a caminho, que vamos revelando assim que for oportuno”.
Por último, Nelson Medeiros apela: “Não tenham vergonha de dizer que ouvem rádio local”. Para este responsável “as rádios locais são quem mais perto está da população, as primeiras a chegar e a informar”. O mesmo frisa que “não é uma rádio nacional que vai dar as notícias da nossa terra, nem que vai dar voz às nossas gentes, é a rádio local que o vai fazer”. Rádio local “não é sinónimo de estação pimba, é antes sinónimo de proximidade, de dedicação à terra e às suas gentes e de porta-voz dos seus anseios e realidades”.
Moral desta reportagem. Uma direção ambiciosa e realista, liderada por João Alberto Fragoso; um coordenador com uma visão estratégica notável, Nélson Medeiros, e o empenhamento de uma equipa curta, mas com uma vontade hercúlea, fez com que a Castrense se reposicionasse no top das rádios da nossa região.
Obrigado
Câmara de Castro Verde
Câmara de Almodôvar
Câmara de Ourique