Não é nada que não se previsse o que não se previa é que o fosse tanto. Um mês e pouco depois de ter conquistado de forma histórica, não tanto surpreendente, a autarquia pela primeira vez na vida política deste concelho já se percebeu que os próximos quatro anos vão ser a doer pois tal como avisara o Secretário Geral do PCP Jerónimo de Sousa, “nas autarquias não vai haver geringonça”. E, neste particular, em Castro Verde, parece que não vai haver mesmo, embora saibamos, junto de fontes comunistas que muitos militantes e simpatizantes comunistas não estão a gostar do rumo que a Coligação Democrática Unitária esta a adoptar “se a CDU continuar nesta onda de vetar as principais propostas do PS será aniquilada politicamente nas próximas autárquicas. As pessoas não são burras, não gostam de ortodoxíssimos exacerbados” revelaram-nos.

Autarquia de Castro Verde vai ter que devolver um milhão e duzentos e quarenta mil euros à AT, executivo socialista mostra-se “preocupado”, simpatizantes da CDU mostram-se “indignados com a ocultação desta notícia”.

Este braço de ferro político começou quando a Câmara Municipal de Castro Verde aprovou, na sua sessão do dia 9 de novembro de 2017, a fixação da Taxa de Participação do IRS em 4,5%, contribuindo assim para diminuir a “carga” fiscal dos contribuintes do concelho no ano de 2018.

Recorde-se que as autarquias locais têm direito a receber um valor máximo de 5% da coleta do IRS nos seus concelhos, podendo, nesse enquadramento, prescindir de uma parte desse valor em benefício dos contribuintes.

Neste sentido, em benefício das famílias, a Câmara Municipal decidiu prescindir de 0,5% do valor a que teria direito em 2018 (ou seja, um total de 37.765,80 €), comprometendo-se a prosseguir com esta política de desagravamento ao longo do presente mandato autárquico, de modo gradual e de forma a fixar em 3% a Taxa de Participação do IRS em 2021 (ano em que termina o actual mandato).

Ora, após a aprovação em reunião de câmara, esta proposta foi chumbada pelos Eleitos da CDU em plena Assembleia Municipal.

Começou ai o filme de uma desavença ideológica que promete não ficar por ai. Veremos no que dará aquando da votação das Grandes Opções do Plano e Orçamento para o próximo ano.

O mais recentente episódio prende-se com a divulgação pelo actual executivo Socialista de que a Câmara Municipal de Castro Verde vai ter de devolver à Autoridade Tributária um milhão e 240 mil euros de derrama indevidamente cobrada à empresa mineira Somincor.

O presidente da câmara, António José Brito, diz tratar-se apenas de mais um revés nas finanças, já de si “muito preocupantes”, da autarquia.

Nesta primeira grande entrevista após a eleição de 1 de Outubro, ao “Diário do Alentejo” fala na necessidade de contratar uma auditoria externa para averiguar o estado das contas do município” e diz “que dinheiro não faltará para, em conjunto com o Ministério da Educação, fazer uma intervenção de fundo no edifício da Escola Secundária de Castro Verde”.

A notícia caiu que nem uma bomba no seio político do concelho sobretudo porque a CDU ocultou esta devolução de uma verba significativa ás Finanças, “quando deveria ter avisado a população no momento que soube, em Agosto, desta situação. Foi mais um tiro nos pés que mina a credibilidade e a seriedade de quem teve o apoio da população durante mais de quatro décadas. É mais escandaloso por não se tratar de nenhuma ilegalidade da autarquia, não deveriam ter medo de assumir e revelar publicamente logo que foram notificados. Pura ingenuidade de gente que que estava saturada do que estava a fazer, dai o estado a que o concelho chegou e que levou os castrenses a mudarem de cor política. Nunca esperámos que o município e as pessoas eleitas pela CDU, em quem nós confiávamos, piamente, porque são gente séria, coloquem agora a CDU numa posição destas que terá danos políticos facilmente imagináveis, vejamos o que aconteceu à CDU em concelhos onde depois de perderem as eleições simplesmente entraram em definhamento. Em Castro Verde o cenário não é muito diferente” revelaram-nos alguns “desde sempre comunistas” que se disponibilizaram, e vão fazê-lo numa primeira instância no seio da concelhia, e posteriormente prometem “vir a público mostrar a sua indignação pela situação a que a CDU chegou” concluem.

Os próximos capítulos prometem agitação interna dentro da CDU de Castro Verde, e “muita gente vai ter que dar a cara pela forma como trataram e se usaram do partido” advertem.