Cáritas Diocesana de Beja Circulo de Silêncio Pelos direitos dos migrantes e refugiados Beja, 27 de março de 2019

A Cáritas Diocesana de Beja organiza no próximo dia 28 de março pelas 17:30 nas Portas de Mértola o terceiro Circulo de Silêncio de 2019 em parceria com a Câmara Municipal de Beja, Rede Social, Núcleo de Beja da Rede Europeia Anti-Pobreza, Santa Casa da Misericórdia de Beja e a associação Aris da Planicie, Associação Para Apoio A Integração dos Imigrantes de Beja e a Associação Solidariedade Imigrante SOLIM de Beja. Atualmente em todo o mundo existem cerca de 258 milhões de pessoas migrantes e refugiados e de acordo com a ONU.

Em Portugal os Imigrantes são 4% da população, ou seja, cerca de 416.682 imigrantes de acordo com o Instituto Nacional de estatística, e que segundo o mais recente relatório do Observatório das Migrações, os imigrantes estão mais representados nos grupos profissionais de base (51% estavam empregados em sectores como a construção, indústria e trabalhos não-qualificados de diferentes tipos) e têm remunerações médias inferiores às dos trabalhadores portugueses (menos 5% em 2015 e 2016).

Correm mais risco de pobreza e estão mais vulneráveis ao desemprego (em 2017 a taxa de desemprego para imigrantes não-europeus era de 14,4%, enquanto para o total da população era de 8,9%). Porém, ficam menos tempo sem trabalho, desde logo porque aceitam os piores trabalhos — o que faz com que a taxa de desemprego de longa duração (procura de emprego há 25 meses ou mais) corresponda, entre os imigrantes, a metade (21,2%) da dos portugueses (40,7%). Na Diocese de Beja todos os dias chegam novos rostos, 28 mil estarão neste momento no distrito, grande parte na apanha da azeitona. Mas cada vez menos é trabalho sazonal.

Falamos de mão-de-obra barata e paga à hora mesmo que recebam à semana, à quinzena ou ao mês e, às vezes, com atrasos. Emigraram do Senegal, da Guiné-Conacri, do Paquistão, da Índia, do Nepal, entre outras nacionalidades, porque procuram melhores condições de vida uma vez que em Beja, faltam braços para a agricultura. Com este fluxo migratório chegaram os mitos e os medos.

A ideia de que os imigrantes representam uma ameaça económica é um mito que não tem evidência empírica. Mesmo nos anos em que o desemprego era mais alto, os portugueses emigraram e os estrangeiros entraram para trabalhar em áreas como a agricultura ou a assistência a idosos ao domicílio em regime interno, empregos “indesejáveis” ou mal pagos.

A partir deste círculo de silêncio consideramos que esta é uma temática que há muito está na ordem do dia e que é da mais crucial importância para o mundo a sua reflexão mas também a intervenção humanista, dado a extensão dos fluxos migratórios, dadas as transformações sociopolíticas que têm surgido por causa deste fenómeno em muitos países.