O estado de degradação a que chegou este que é considerado o maior templo do género do Baixo Alentejo é no mínimo, inquietante. A Diocese de Beja sabe disso, “é uma situação preocupante, já falei com o Pároco de Castro Verde, no sentido que falasse com a autarquia, e falei com a Direcção Regional de Cultura do Alentejo que diz que não tem dinheiro” realçou o Bispo de Beja, Dom João Marcos, sem mais nenhuma palavra.

“Estou desolado” foi deste modo que o ex: Director do Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja, José António Falcão, reagiu quando confrontado com o facto de chover na Basílica Real de Castro Verde. “ Sinto-me triste e solidário com os castrenses com esta comunidade que é no fundo a proprietária moral deste edifício. Tudo isto provoca-me um sentimento muito profundo, quase não tenho palavras para o puder expressar” constata.

“Convém realçar que foi feita, a pedido da Diocese, da Paróquia e da Câmara de Castro Verde, uma estimativa relativa dos custos necessários para que o edifício fosse intervencionado, distinguindo duas coisas, seja, numa primeira fase o que devia ser feito para que a Basílica não entrasse num processo de degradação acelerada, como estava a acontecer, e depois disso a melhor metodologia para que o mesmo se mantivesse aberto ao público, a possibilidade, inclusive, de reinstalar o tesouro em instalações mais amplas nas imediações da Basílica e até de tratar o espeço exterior. Esse estudo prévio foi feito, todos estes elementos, digamos, estavam em andamento. Soube depois, já após a extinção do departamento, que foi declinada a parceria de colaboração que existia e isso paralisou todo o processo, quando todos perspectivávamos que estávamos perante um processo com todas as condições para prosperar e, no fundo, como todos desejavam, uma aprovação em sede de apoios comunitários que permitisse reunir a almofada necessária para a intervenção, com a particularidade de em Castro Verde existiria um potencial mecenas, a Somincor, que com o devido enquadramento e tempo não regataria o seu apoio em sede de algum mecenato para complementar a comparticipação para este vasto projecto. Estava tudo delineado neste contexto” refere José António Falcão que conclui as suas declarações do modo que pode ler “por isso digo-lhe, que fico absolutamente desolado porque realmente a Basílica Real de Castro Verde é sem dúvida o edifício mais significativo do património religioso do Baixo Alentejo” realça visivelmente agastado com a situação em que se encontra a Basílica Real de Castro Verde.

A câmara de Castro Verde, através do seu presidente, já reagiu a esta situação que preocupa muitos castrenses face à relevância deste monumento e à situação grave em que se encontra.
O presidente da câmara, começou, em declarações que nos prestou, por revelar que “devemos colocar de lado polémicas e discussões inúteis e concentrarmo-nos naquilo que é essencial, e o essencial é que em conjunto tracemos um percurso e darmos respostas que consigam superar os problemas graves que se verificam neste monumento de inquestionável relevância local, regional e nacional”.

António José Brito realça que “sobre tudo o que aconteceu no passado, antes de chegar à presidência da câmara não me vou pronunciar, não vou fazer qualquer comentário” frisa o autarca socialista segundo o qual “aquilo que quero evidenciar é que a câmara municipal está muito preocupada com a situação de degradação deste edifício que é propriedade do Diocese de Beja e, garanto que da nossa parte haverá todo o empenhamento para que conjuntamente com a diocese e a paróquia de Castro Verde, entidades com as quais já partilhei a nossa preocupação, sendo que espero que todos consigamos encontrar a melhor forma de solucionar este problema grave que se verifica na Basílica Real de Castro Verde” sublinhou o presidente da câmara de Castro Verde, António José Brito.

Refira-se que a Basílica Real de Castro Verde é um templo imponente que marca de forma bem visível o núcleo urbano da vila. O seu altar – mor é revestido a talha dourada e o interior coberto por riquíssimos painéis de azulejos do século XVIII que retratam a Batalha de Ourique, episódio lendário ligado à fundação da nacionalidade.

O título de Basílica Real foi concedido por D. João V em homenagem à vitória do primeiro rei de Portugal – D. Afonso Henriques – sobre os cinco reis Mouros, ocorrida no dia 25 de Julho, dia de Santiago, corria o ano de 1139.

Na Basílica Real de Castro Verde pode também visitar o Tesouro da Basílica, núcleo museológico de arte sacra, onde se podem apreciar algumas das alfaias religiosas mais importantes do concelho, com especial destaque para a Cabeça-Relicário de São Fabião (Casével) e a Custódia da própria Basílica.

Este Tesouro está integrado na rede de núcleos de arte sacra do Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja.