A Assembleia Municipal de Castro Verde reuniu ontem à noite em sessão extraordinária, para discutir a auditoria externa relativa ao quadriénio 2014/2017.
O executivo do PS na Câmara, reiterou que a auditoria confirmou “prejuízos de forma consecutiva” e destaca que o Município “assumiu compromissos sem ter assegurado as fontes de financiamento”.O relatório refere que perante a “significativa diminuição” da receita proveniente da Derrama, não terá sido acautelado o “acréscimo de risco relativamente às decisões de gestão tomadas desde então”.
Recorde-se que António José Brito, presidente da Câmara de Castro Verde, aquando do conhecimento das conclusões da auditoria, falou em gestão “pouco cuidadosa” no anterior mandato da CDU.

Os vogais da CDU consideraram que a auditoria externa às contas do Município “não concluiu e nem provou a pretensa ‘má gestão’ da CDU à frente do concelho de Castro Verde nos últimos 4 anos” revelou o vogal António Jerónimo.
Os comunistas frisam que a auditoria não menciona “nenhumas evidências nem indícios de actividades menos lícitas”; “não refere nenhuma anomalia no cumprimento das normas do Manual de Controlo Interno”, “não detectou nenhuma irregularidade em matéria de empréstimos bancários”, nem a “existência de pagamentos em atraso, não justificados”.

Quanto ao auditor Carlos Grenha, da empresa que efectuou a auditoria, realçou que “o executivo CDU teve resultados líquidos negativos durante os quatro anos a que se reporta a auditoria e assumiu compromissos sem ter financiamentos garantidos”.
O auditor advertiu ainda para ao facto do actual executivo “ter de adoptar cortes, cortes e mais cortes para equilibrar as contas do município”.

O nosso Site falou com o Dr. Carlos Grenha, relativamente à Análise técnica do Relatório de Auditoria Externa, emitido a 5 de Setembro de 2018, feita pela Sociedade Oliveira, Reis & Associados, SROC, Lda relativamente às contas do Município de Castro Verde e ao desempenho financeiro da autarquia, no quadriénio de 2014/2017.
Frontal e sem meios-termos, realçou os dados técnico mais relevantes de uma auditoria sobre a qual são diferentes as leituras políticas de Poder e Oposição do Município de Castro Verde.

– A auditoria financeira revela aquilo que as contas do município apresentam, as contas que foram aprovadas nos órgãos próprios. Não foram detectadas nenhumas fraudes ou erros materiais que possam colocar em causa qualquer gestor autárquico que tenha estado em funções nos anos de 2014 a 2017. Na generalidade, aquilo que podemos observar é uma diminuição significativa da receita motivada por uma forte e drástica redução da derrama pelos motivos que são conhecidos, portanto, a derrama passou de quase dois milhões de euros em 2013 para praticamente zero em 2016 e isso faz com que os totais de rendimentos tenham descido significativamente. Esta descida não foi acompanhada ou totalmente acompanhada também pela descida da despesa facto que justifica, em parte, o acumular de resultados negativos ao longo dos últimos quatro anos.
– Como é que uma situação desta natureza é vertível?
– É muito difícil inverter resultados negativos numa autarquia do Interior com a característica de despesa que tem neste momento comprometida e associada. Não tenho exatamente o número, mas mais de 30% são despesas com o pessoal, depois temos uma forte componente de fornecimentos e serviços externos onde pode haver, aqui sim, alguma elasticidade, mas pouca, porque não chegam sequer a dois milhões de euros ou pouco mais de dois milhões de euros anuais, e depois são as transferências para as Juntas de Freguesia, Clubes e Associações sem fins lucrativos como a terceira maior linha de despesa, que não é muito elástica sem ser o fornecimento e serviços externos, mas também factores externos dificultam as tomadas de medidas que façam reduzir estes montantes, a eletricidade continua a aumentar, os combustíveis a mesma coisa e portanto todos estes factores são factores externos que não dependem de quem esta a gerir o município seja o de Castro Verde ou outro qualquer.
– Perante o que diz, o que deverá fazer o actual executivo para alterae este cenário económico/financeiro. Cortes, cortes e mais cortes, por exemplo?
– Vai ter que fazer uma gestão muito mas muito rigorosa, muito apertada, uma forte contenção de despesas e um rigor muito apertado na decisão sobre novos investimentos. A questão com os custos com pessoal é algo que tem que ser muito bem encarado tem que ser muito bem gerido de forma a que a renovação de quadros do município se faça quando é apenas e só necessária sendo certo que nós temos que ver que os municípios do Interior, como é o caso do município de Castro Verde, é uma das entidades empregadoras mais relevante do concelho, portanto também aqui acaba por existir alguma função social mas as contas fazem com que para que exista despesa tem que existir dinheiro e existindo consecutivamente resultados liquido negativos o dinheiro tende a escassear e portanto até concordo que os resultados não tenham que ser sempre positivos, mas sempre negativos é que é difícil gerir.