Organizações não governamentais de ambiente (ONGA), associações do setor e os institutos públicos que tutelam a atividade assinaram hoje, segunda-feira, um memorando sobre a gestão da caça à rola-brava, visando travar o declínio da ave.
O memorando surge no seguimento de uma ronda de negociações intermediadas pela secretaria de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural, permitindo “reduzir a caça à rola-brava, a começar já este verão”.
Assinado nas instalações do Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural, o memorando é “um passo importante para travar o declínio desta ave em Portugal”, mas as associações de defesa do ambiente salientam “que não será suficiente”, de acordo com comunicado divulgado pelas ONG.
Com este memorando, estão criadas as condições, em Portugal, para a redução em 50% do período diário de caça já em 2019 e da redução de 19 para quatro dias de caça a partir de 2020/2021.
“As medidas agora acordadas, na opinião da C6, ficam ainda aquém do que devia ser feito para assegurar a proteção da rola-brava. As ONGA estarão atentas à sua efetiva implementação e avaliação dos seus resultados, sendo certo que mantêm em aberto a possibilidade de reverter posições caso tenha de haver uma reformulação da estratégia definida no memorando”, referem as organizações.
O acordo foi assinado pelas ONGA da Coligação C6 pelo Ambiente e Natureza (ANP/WWF, FAPAS, GEOTA, LPN, QUERCUS e SPEA), por entidades representativas do setor da caça (ANPC, CNCP, FENCAÇA) e pelos institutos que tutelam esta atividade (ICNF e INIAV).
As ONGA já tinham manifestado as suas preocupações face “à alarmante redução do número rolas-bravas (streptopelia turtur)” no país: de acordo com os dados mais recentes do Censo de aves Comuns de Portugal, a população de rola-brava diminuiu 80% em Portugal, desde 2004.
“Essa redução tem diversas causas, entre as quais a caça excessiva e a redução dos habitats. Face a estes números, é urgente agir para evitar o desaparecimento desta espécie”, sublinham as organizações.
As ONGA da C6 estão dispostas a colaborar no Centro de Competências previsto no memorando, mas não deixam de realçar que “a independência das entidades que realizam os estudos face aos interesses em presença é crucial para credibilidade dos respectivos resultados”.