Sou, por norma, avesso a confrontos. Confesso que sou apaixonado por uma boa discussão sobre futebol, política, religião, e até sobre assuntos mundanos. Mas, discussões amigáveis, onde, no final, à volta de uma mesa de amigos, todas, terminam com mais uma mini ou mais um copo de tinto, deixando no ar os próximos temas, ou seja, combinando a próxima patuscada.
Mas confrontos, lutas, discussões sérias, se puder, evito-as. Não por receio mas sim por educação, por respeito ao próximo e por respeito a mim próprio. Evito-as. Passo ao lado. Algumas vezes, inclusive, até faço que não vejo.
Mas, temos alturas na vida em que temos que dar a cara. Por nós, pela nossa família, pelos nossos amigos e colegas de trabalho, pelo que acreditamos. Quando o faço é com a plena convicção daquilo que estou a fazer. É com a certeza de que acredito no que defendo. Mesmo sabendo que num confronto nem sempre se ganha, sou apologista de ir até ao fim na defesa da minha causa. Sem atropelos, sem maldade, com respeito e seriedade, nunca colocando em causa valores e opiniões divergentes apenas é só para sair por cima.
E faço-o por algumas simples razões. Primeiro porque não gosto de perder nem a feijões. depois porque a causa que me levou a esse confronto é, para mim, a mais justa, porque ao abraçá-la estou também a abraçar a causa de muitos amigos e colegas e a mais importante, porque quero que os meus filhos me olhem com orgulho. Sim, até posso perder esse confronto, mas se sentir que os meus filhos sentem orgulho do pai, para mim é uma grande vitória.
Sempre lhes tentei ensinar que o respeito pelo próximo é uma dos nossos maiores valores mas também que o respeito por nós próprios é essencial para as regras de sã convivência. E, independentemente de uma vitória ou derrota num confronto, quero que eles saibam e se orgulhem do pai andar sempre de cabeça levantada e a olhar nos olhos de todos.
Há confrontos que sabemos à partida que se perdem. Mais quando o nosso oponente luta com armas desiguais, tem princípios que não se coadunam com os meus, utiliza manobras que eu nunca utilizarei. Mas isso apenas reforça a minha convicção de que estou certo. Mesmo sabendo que posso perder.
Dar a cara. Sim, é verdade, para se conseguir algo na vida é necessário dar a cara, não se esconder atrás do anonimato, não tentar passar pelos pingos de chuva, não se colocar na sombra, não deixar que outros lutem pela nossa causa, pela causa comum. Ao iniciar qualquer peleja, o seu desfecho é uma incógnita, mas se não a levarmos até ao fim todos sabemos que a derrota é certa. Infelizmente esta situação é usual… morre-se na praia, com a mão a tocar nos primeiros grão de areia. Mas só morre quem não luta, quem não dá a cara, quem desiste a meio. Os que levam a contenda até ao fim, esses, mesmo perdendo, saem de cabeça levantada, sabendo que tudo deram para a vencer. E são esses que os adversários admiram. Porque deram a cara.
José Francisco Encarnação