A estratégia nacional visa reduzir a dependência do país face às importações e elevar a auto-suficiência de 25% para 38% no prazo de cinco anos.
A seguir Agricultura perdeu 100 mil mulheres desde chegada da troika Mais vistas HABITAÇÃO 16 coisas que tem mesmo de comprar para uma casa nova EMPRESAS As 50 empresas que ‘mandam’ no mundo RIQUEZA Estes milionários já tiveram milhões mas perderam tudo FUNÇÃO PÚBLICA Estes são os salários da função pública nas diferentes profissões Apenas três cereais asseguram quase metade das calorias que a Humanidade consome: trigo, arroz e milho.
Apesar da sua importância, Portugal é deficitário e tem de importar para abastecer a população. Por esse motivo, o Governo vai apresentar, nesta terça-feira, Dia do Agricultor, 20 medidas para promover a produção de cereais e tornar o país mais autónomo do ponto de vista alimentar. “O trigo, o arroz e o milho são os alimentos mais importantes no mundo – os três juntos fornecem 42% de todas as calorias que a Humanidade consome (além de servirem para a alimentação animal, produção de açúcar, etc.). Estes três cereais ocupam 31% da área cultivada a nível mundial”, refere Margarida Silva, docente na Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica.
Autossuficiência “preocupante”
Os cereais representam mais de 10% das importações alimentares e mais de 30% das importações, lê-se na mesma nota. Não é assim de estranhar que o país tenha um dos níveis mais baixos do mundo em matéria de auto aprovisionamento de cereais, na ordem dos 25% – “uma preocupante singularidade” que o Governo quer atacar, tendo definido um horizonte de cinco anos para aumentar a autossuficiência para 38%. Pior do que nós, na União Europeia, só Chipre, Malta e Holanda.
“Com a implementação desta estratégia é objectivo atingir-se até 2022 um grau de auto aprovisionamento em cereais em cerca de 38%, correspondendo 80% ao arroz, 50% ao milho e 20% aos cereais praganosos [trigo, centeio, cevada, aveia]”, explicita o Grupo de Trabalho. A meta da autossuficiência cerealífera será apresentada nesta terça-feira, em Elvas, a par do anúncio das 20 medidas que farão parte da Estratégia Nacional para a Promoção da Produção dos Cereais, com a qual o Governo quer reduzir as importações e obter um setor “mais forte e mais eficiente, com maior capacidade de resistência à volatilidade dos mercados, disponibilizando aos consumidores um produto de qualidade”, a par do combate ao abandono de zonas rurais.
Os três pilares da estratégia Coordenado por Luís Souto Barreiros, o grupo que elaborou as medidas contou com o contributo de três associações ligadas à produção de cereais (ANPOC, ANPROMIS e AOP) e pode dizer-se que a estratégia assenta em três pilares: o reforço do papel das Organizações de Produtores, a organização ao longo da fileira da produção e a inovação e transferência de conhecimento.
O objectivo é “reduzir a dependência externa, consolidar e aumentar as áreas de produção”, bem como “melhorar a eficiência produtiva e redução dos custos”, passando por “criar valor na fileira dos cereais”, assente no aumento do valor do produto. “É preciso produzir mais barato e vender mais caro”, resume Luís Barreiros. A forma de o conseguir será, segundo detalhou ao Dinheiro Vivo, reduzindo custos, por exemplo, com a rega, a energia eléctrica, outros factores de produção e custos de contexto.
Teresa Costa 14.05.2018 / 18:21