Quando pensei em escrever esta crónica, pensei em debruçar-me sobre as eleições presidenciais, depois de ler e ouvir o muito que foi dito e escrito, depois de deixar assentar a poeira.

Mas hoje parece que esse acto eleitoral já foi há muito tempo!

As notícias, por mais atuais que sejam, são efémeras, ocupam apenas momentos, a sua importância é apenas momentânea, ultrapassada pela polémica seguinte, pela desgraça anunciada, pelo momento que se segue.

Agora o que está atual é a polémica sobre as vacinas. Polémica estéril, onde todos têm razão e todos estão errados. Para evitar que se jogasse fora, foram vacinados os empregados de uma pastelaria. Claro que não pertenciam aos grupos de risco.

Mas foi para evitar desperdício. Tal como têm razão os que se queixam de que essas vacinas deveriam ter sido dadas aos bombeiros, por exemplo.

Concordo plenamente!
Mas, por vezes, quem tem que decidir não está sentado num gabinete, sobre pres-são, tendo que decidir na hora. Claro que não faz sentido para nós, à distância, ino-cular os funcionários da pastelaria do lado!

Mas pensemos apenas um pouco… será que o responsável teria as indicações necessárias para o que fazer se sobrassem vacinas?
Existia, na altura, algum protocolo que o pudesse ajudar? etc. etc.
Perguntas às quais eu não sei responder…

Claro que existe aproveitamento. Mas um aproveitamento transversal. Nenhum par-tido poderá armar-se em virgem ofendida, pois, em todos os quadrantes esse apro-veitamento existiu.

E não só nas vacinas!
Na atribuição de subsídios, no aproveitamento do sistema bancário, etc…

Aqui não existem inocentes.
Mas, como todas as outras, esta será uma notícia efémera. Depressa será ultrapas-sada.
Talvez pelo número diminuto de vacinados, pela lista de prioritários ou por outra que apareça.

Tudo na vida é efémero. Tudo menos as nossas memórias. São essas memórias que nos moldam. Que nos fazem ser quem somos.

José Francisco Encarnação