O número de casais reprodutores de águia-imperial-ibérica, uma das aves de rapina mais ameaçadas da Europa, aumentou de 14 em 2019 para 21 em 2020 no Alentejo, região que concentra a maioria dos existentes em Portugal.
Este ano, naquela região, foram registados 21 casais reprodutores de águia-imperial-ibérica, mais sete do que em 2019, informa a direção regional do Alentejo do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), em comunicado enviado esta segunda-feira à agência Lusa.

Os 21 casais reprodutores registados no Alentejo representam a “grande maioria” dos 24 existentes atualmente em Portugal, disse à Lusa fonte daquela direção regional, referindo que os restantes três estão na zona do Parque Natural do Tejo Internacional e envolvente.

Segundo o ICNF, as zonas de proteção especial (ZPE) de Castro Verde e do Vale do Guadiana, no distrito de Beja, no Alentejo, “têm vindo a consolidar-se como as princi-pais áreas de ocorrência da espécie em Portugal”.
Dos 21 casais registados no Alentejo, chegaram ao final da época de reprodução deste ano 20 crias voadoras, mais uma do que na época de 2019, indicou a fonte, referindo que os três casais que vivem na zona do Parque Natural do Tejo Internacional e envolvente deram origem a cinco crias.

A águia-imperial-ibérica (“Aquila adalberti”) é uma espécie de águia endémica do sudoeste da Península Ibérica e norte de África e é uma espécie em risco de extinção.

A população total desta ave, em 2013, era de somente 407 casais reprodutores em toda a Península Ibérica; em Portugal existem só 15 casais e 9 deles estão no Alentejo, mais concretamente na região de Moura/Barrancos e na região do Vale do Guadiana/Castro Verde, mas, também agora na reião de Serpa, como revelou a Liga para a Proteção da Natureza (LPN).

Esta ave – que habita em azinheiras e sobreiros e se alimenta essencialmente de coelhos, mas tam-bém lebres, pombos, corvos e outras aves, e até, embora em menor escala, de raposas e pequenos roedores – só regressou ao Alentejo em 2003, após cerca de duas décadas de ausência. A águia-imperial ibérica não emigra, e cada casal defende a sua zona de caça e reprodução – num espaço de cerca de 2000ha – durante todo o ano.
Em Portugal, desde 2014, a LPN tem um projeto de proteção da águia-imperial, o Projeto Life Imperial e que visa a conservação da espécie numa parceira entre GNR, ICNF, EDP Distribuição, Câmara Municipal de Castro Verde, Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, e os parceiros espanhóis da SEO/Birdlife e da Tragsatec, de Espanha.

O prazo de término deste projeto seria o final do corrente ano, mas a LPN está a tentar uma extenção do mesmo junto da Comissão Europeia.
Número de casais de águia-imperial-ibérica duplicou nos últimos anos em Portugal, sobretudo no Alentejo.

O número de casais reprodutores de águia-imperial-ibérica em Portugal aumentou de 11 em 2013 para 24 este ano, segundo a Liga para a Proteção da Natureza, que coordenou um projeto de conservação desta espécie nos últimos sete anos.
De acordo com o balanço da Liga para a Proteção da Natureza (LPN), desde que o projeto LIFE Imperial foi criado em 2013, a águia-imperial-ibérica, uma espécie em perigo de extinção, viu o seu número mais que duplicar em Portugal, avança a TVI 24.

Para a LPN, o investimento de quase 2,5 milhões de euros no âmbito do programa LIFE da União Europeia, um programa de financiamento para o ambiente e ação climática, teve um impacto “muito significativo” na conservação da espécie e da natureza no geral.

As ações permitiram não só aumentar a população da espécie e o conhecimento sobre a sua ecologia, sobretudo no Alentejo e na Beira Baixa, mas também aplicar medidas de gestão do território que aumentaram a sua sustentabilidade e promoveram um maior equilíbrio”, lê-se no comunicado.
“A espécie desapareceu do país no final do século XX, mas o projeto LIFE Imperial deu-lhe uma nova esperança após um investimento superior a 2 milhões de euros”, escreve a associação em comunicado.

O projeto LIFE Imperial é concluído este ano, mas a associação ambientalista sublinha a necessidade de continuar este trabalho e de implementar um plano de ação específico para a próxima década, que, segundo a LPN, já elaborado e que aguarda a sua aprovação final pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas.

A conservação da natureza leva o seu tempo e requer um investimento condigno face aos desafios que enfrenta. Investimento esse que pode levar o seu tempo a dar frutos, mas que no entretanto se vê refletido na tão necessária proteção de espécies ameaçadas de extinção e na consequente valorização socioeconómica dos territórios menos favorecidos onde habitam”, refere a LPN no comunicado.